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Este espaço, aberto pela equipa Coordenadora da Biblioteca da Escola Secundária de Castelo de Paiva, destina-se a partilhar opiniões, experiências e aspirações, que permitam melhorar o trabalho desenvolvido no âmbito das Bibliotecas escolares.

sexta-feira, outubro 28, 2005

Uma leitura de Eça

Eça de Queirós é autor de diversos livros, folhetins, cartas…
A professora disse que tínhamos de ler “Os Maias”!
A princípio, o tamanho do livro intimidou-me. Um dia, nos princípios de Outubro, decidi que estava na altura de me aventurar por aquela imensidão de páginas.
Não pretendo fazer um resumo da história… apenas falarei dos sentimentos que o livro me despertou.
Para começar, gostava de referir um aspecto, que julgo muito interessante. Não existe uma única página onde o leitor não imagine o local, a roupa das personagens, o clima envolvente, tudo até ao mais pequeno pormenor. As longas descrições levam-nos a imaginar exactamente aquilo que o autor queria.
“Os Maias” foi um livro que me fez chorar, rir, sentir compaixão, dor, alegria e até raiva por vezes! Tudo vai da forma como encaramos a leitura. Neste livro, como em todos os outros, temos duas opções de leitura: ler, criando uma barreira entre nós e o livro ou envolver-nos na história. Normalmente tendo para a segunda opção. Vivo cada acontecimento como se fosse a minha própria vida.
Neste livro, voei à minha maneira romântica e por vezes “esbarrei” com o realismo de Eça de Queirós. O autor confundia-me com o seu estilo. Nunca sabia o que me esperava a seguir: se uma onda de romantismo ou uma página coberta com a frieza do realismo!
Aí revoltava-me! Comparava o autor a uma pedra e fechava o livro…dias depois, quando já tinha esquecido a “zanga”, mergulhava de novo na história. E continuava a minha viagem, parando para descansar no Ramalhete, tomar um café no Central ou dar uns passeios no jardim da Toca! Surpreendia-me com algumas ideias do Ega, irritava-me com a Gouvarinho, aprendia com Afonso e brincava com Rosa…
Assim fui avançando página a página…e no final desiludi-me! Aliás foram dois “choques” seguidos! Primeiro a morte de Afonso, depois a frieza de Carlos ao deixar Maria Eduarda!
No meio deste final racional, encontrei uma pontinha de romantismo! Imaginação minha? Talvez! Quem já leu o livro sabe certamente que na Toca, Carlos e Maria passavam os seus momentos, de maior intimidade, naquele pavilhão japonês! Coincidência ou não, Carlos viaja para o Japão depois de deixar a sua amada! Para mim foi como uma entrelinha em que estava escrito: “Ele não se esqueceu dela!”.
Mesmo com um final assim, é um bom livro para ler sentado na varanda nas tardes de Outono!
Joana Freitas , 12.º F, Escola Secundária de Castelo de Paiva

quinta-feira, outubro 27, 2005

Outra voz, a mesma língua




Lygia
Fagundes Telles
venceu o Prémio Camões 2005


Foi com a leitura de «Ciranda de Pedra», ainda adolescente, que descobri a escritora brasileira Lygia Fagundes Telles (1923). O livro há muito que andava lá por casa, talvez desde a época em que a televisão exibira a telenovela com o mesmo título.
Descobri, mais tarde, outros textos, como «Antes do baile verde» e «As cerejas». Através destes escritos, chegavam até mim os aromas de outro país que fala, também, a nossa língua.
O fascínio pela escrita de Lygia reside na poesia que se instala no texto narrativo. As palavras de Virgínia, a protagonista de «Ciranda de Pedra», ilustram-no: «-Concordam comigo que há mãos e aranhas, a diferença está apenas no modo como acariciam».
Lygia Fagundes Telles partilha, connosco, o real, o novo, o antigo, a invenção e a sua memória. Testemunha e testemunho de um mundo em transformação, a escritora foi agraciada, este ano, com o Prémio Camões, o mais importante galardão literário da Língua Portuguesa. Esta voz, que também é nossa, merece ser descoberta. Como tantas outras, de autores portugueses e de expressão portuguesa. Na biblioteca da Escola, podemos encontrar livros de Lygia Fagundes Telles, Mia Couto, Pepetela e Jorge Amado. Todos eles nos mostram novos mundos e novas maneiras de ser e de sentir, em Português.

Luís Salema

segunda-feira, outubro 24, 2005

"Pela arte é que vamos"

Aproveitamos o Dia Internacional da Biblioteca Escolar para abrir este espaço. Queremo-lo democrático, isto é, aberto à apresentação de ideias que dignifiquem o homem no seu todo. Não pretendemos uma opinião unívoca. Defendemos uma opinião partilhada, diversificada. Se cada um de nós analisa a realidade através dos seus olhos e se, nesta diversidade, convivemos… é esta partilha de opinião, o nosso primeiro objectivo. Este ‘modus faciendi’ será a práxis normalizada.
Podemos ter um tema ou um autor ou uma ideia sobre uma actividade a desenvolver no âmbito da dinamização da biblioteca. Será o ponto de partida, o motor de toda a inspiração e produção que, desde já, queremos abundante e de qualidade.
Este espaço destina-se, em primeiro lugar, a todos os elementos responsáveis pela dinamização das bibliotecas escolares. Também os utilizadores poderão partilhar as suas ideias. “Pela arte é que vamos”. É esta a nossa última ambição. Não a imaginamos inibidora… pelo contrário, pretendemos que seja o apelo à perfeição, cada vez mais absorvente e sempre insatisfeita com o caminho percorrido. Assim nos leva a desvendar o desconhecido e nos dá o atrevimento de percorrer o nunca ousado. A arte inspira-nos e seduz-nos. Se não fosse utopia, diríamos mesmo que nos arrasta.
Ficamos a aguardar!
A Equipa Coordenadora da BESCP