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Este espaço, aberto pela equipa Coordenadora da Biblioteca da Escola Secundária de Castelo de Paiva, destina-se a partilhar opiniões, experiências e aspirações, que permitam melhorar o trabalho desenvolvido no âmbito das Bibliotecas escolares.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Não me apetece escrever


Hoje, não me apetece escrever sobre autores portugueses, sobre as actividades da Escola ou sobre qualquer efeméride. Não me apetece escrever sobre os alunos ou acerca de um tema da actualidade. Apetece-me escrever sobre o Soares. Sim, o Soares. Aquele colega que resolve os problemas de palavras cruzadas, em todos os jornais que povoam as mesas da sala de professores, e começa a fazer o mesmo com o «Sudoku».
Apetece-me falar sobre o colega que, em frente ao computador, com a sua «pen», escreve textos acerca de todos aqueles assuntos sobre os quais, hoje, não me apetece escrever.
Apetece-me escrever sobre o professor que muitos alunos recordam com carinho e que muito me ensina, talvez sem dar conta. Sobre o colega que, com o conhecimento e a experiência acumulados, sabe que tudo se pode fazer, sem grandes inquietações. Que, à boa maneira clássica (ele, tal como eu, somos formados em Clássicas) a tranquilidade é amiga da perfeição. Que a vivência do tempo nos molda, enriquece e melhora.
Apetece-me falar do homem de sorriso franco, que nos aperta a mão com força, a selar um cumprimento. Apetece-me escrever sobre um amigo com quem partilho as alegrias e as angústias da escola e da vida.
Hoje, não me apetece escrever sobre qualquer assunto importante, para a maioria das pessoas. Fechei-me no meu egoísmo. Apetece-me escrever sobre um assunto que é importante para mim: ter o Soares como «professor», como colega e como amigo, que se alegra ao ver-me. Depois, dá-me aquele abraço fraterno, que aqui retribuo.

Luís Pinto Salema, Escola Secundária de Castelo de Paiva

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Um amigo!

Acho que a procura despudorada do lucro por parte de editores e livreiros e a leviandade de muitos que, na sua narcísica apreciação, se julgam escritores ou poetas, dão cabo de tudo.
Os editores e livreiros enchem escaparates e montras com quanto calha sem qualidade, sem critério, sem valor. As pessoas fartam-se. Não se fazem leitores!
Por outro lado os ‘literatelhos’ e ‘poetiqueiros’ multiplicam-se quase como cogumelos, autopromovendo-se, autoelogiando-se. Assim vai crescendo o lixo que por ser lixo não chega a apaixonar o possível leitor pela leitura.
Resultado:
Se se perguntar, hoje, a um jovem quem foi Arnaldo da Gama, não sabe. E Alberto Pimentel? Também não sabe. Raul Brandão? Idem. E isto é uma tristeza! Dos maiores autores da nossa literatura pouco se conhece. Não se lê! Não se ama o livro!
No entanto, eu acho que um bom livro é o melhor amigo de todas as horas. Ler um bom livro ajuda-nos sempre a preencher um certo vazio espiritual que o desvairado mundo em que vivemos vai inapelavelmente provocando. Ler um bom livro é partir em busca de mais saber; é fugir à imbecilidade e ao lugar comum: é crescer!
Olho a minha estante. Toco, como quem toca a Bíblia, no "Húmus" de Raul Brandão. Que é isto? Como é possível ignorar este livro? Por mim apetece-me afagá-lo - agradecido!
Maio.2006 – José Silva - Porto

maio 03, 2006  

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